domingo, 2 de janeiro de 2011

Oceano - Minha Terça Parte - 3

Certa vez, numa tentativa desesperada de recuperar um amor, descrevi uma situação onde interpretava um Oceano - e nomeei à contraparte o papel da Lua. Sentia-me longe, mas encantado... tentava então - como declarei - mover meus mares, minhas ondas tentavam tocá-la (a Lua) sem aparente sucesso, mas sem que desistisse também. Refletia em mim o brilho dela, e a proximidade dela me empoderava para lançar ondas maiores. Essa conversa, inspirada por sinal, foi frutífera pro que eu planejava na época. Mas vai além:

Nunca fui tão verdadeiro e transparente como nessa comparação.

Penso, sinto e percebo que sempre fui assim - um Oceano maravilhado e energizado por uma lua de prata em noite clara - nos relacionamentos que tive (até amizades, por vezes).

Posso estar em turbilhões nas profundezas do meu entendimento - mas aparento calma.
A distância sempre existe - seja metafórica ou física.
Às vezes parece que só me movimento se me sinto observado - nutrido.
Reflito de cada um o que vejo de melhor - mas também algumas falhas.
O brilho me fascina, me atrai.
Mas esse mesmo brilho é reflexo, não é próprio dela - é um espelho do que realmente nutriria - mas ao mesmo tempo me assusta - meu lugar ao Sol... mas pelo jeito a escuridão(solidão) me angustia.

Mas o pior não é essa distância intransponível, essa busca por algo que a pessoa não pode oferecer, mas sim o fato que só consigo guardar essa imagem em mim enquanto a vejo. Como um espelho límpido, assim que a lua se vai ou o tempo nubla, não mais carrego a representação dela em mim - mesmo que ainda sinta sua influência.

E por mais romântico que tenha sido a analogia na hora, revelou também o quão fugaz era meu desejo de uma noite eterna sem nuvens, de forma precisa: A presença me animava; quando não via, a simples influência me instigava; a luz me iluminava, o brilho estava lá - mas não aquecia. Era escuro, era frio, era tormento.


Mas ainda assim, Oceano.

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