terça-feira, 22 de setembro de 2009

Despertar

Era novembro, não sabia bem a hora, mas já não se via luz ou alma transitando aquele parque, onde nem o vento ousava quebrar o silêncio com seu tradicional assovio. De certa forma, o tempo parecia estático, inerte. Às vezes acho mais fácil acreditar numa existência divina quando a rua é fria, vazia, quieta. Talvez porque me faça refletir, ou talvez por ser reflexo de como me sinto. "Nunca se sabe", costumava dizer.

Lembrava, sóbrio, do torpor que vivera até então. Fazia sentido caminhar. Me entenda, não que eu não possa pensar sentado à beira de uma janela, mas existe algo de mágico no andar sob as estrelas divagando. Ao menos para mim. De certa forma é como se cada passo me fizesse contornar o abismo que nos chama toda vez que remoemos o passado em algum canto escuro. Mas não. Eu não quero me atirar no meu próprio desconhecido. Nunca se sabe, talvez não tenha forças para voltar. Ele que venha à luz de minhas idéias, então conversaremos.

Inúmeras vezes tal abismo se apresentava para mim em diversas formas, cheias de cores, sensações, gostos dos mais diversos tipos. Fosse um carro novo, uma mulher perfeita ou meu copo de cerveja, todos eles disfarçavam que - mesmo ao obtê-los, permaneceria eu. "Raios", ainda assim teimava em querer tudo aquilo que me provocasse desejo. Ah, desejo... Onde mais eu poderia descansar minhas angústias senão na fantasia de felicidade instantânea?

Eis que o vento me toma de volta à realidade. "Grato", disse eu. Já estava longe, do meu lar, mas perto demais do meu abismo. Hora de voltar. Dobrei à esquerda na Rua De Leon, embora eu nem soubesse que ela existia. Enfim, eu tinha tempo. Nada de fascinante, ou até mesmo digno de atenção. Havia um barzinho mequetrefe escondido atrás de uma obra em construção. O único rebite ali era servido pelo barman. Via ali um espelho, me identificava com aquela gente cuja felicidade era química, curta e servia como disfarce para os problemas que deixavam na porta de entrada.

Resolvi seguir os conselhos sussurrados pelo vento, e tomei novamente a esquerda. A Avenida da Luz, como marcava a placa, só podia ser ironia. Mal enxergava a calçada. E Avenida? Só se fosse em 1830. Incrível como o fim de ano deixa a gente pensativo. Enquanto pesava sorte e revés, tornava frequentemente à memória uma antiga paixão. Senti então o perfume que ela usava, só para mim, só em ocasiões especiais. Lembro a última vez que ela me presenteou com aquela essência. Voltávamos de um passeio no Cais, quando então começou a chover - torrencialmente, diga-se de passagem. Corremos para minha casa, em meio a risadas e incessantes gotas d'água. Ensopados, então, entramos pela porta num misto de risos infantis e uma lascívia imprópria para menores. Ela ainda tremia um pouco, mas já estava acesa. Foi então, de repente, que aquele perfume - só dela - me tomou. Foi a última vez que senti tamanho êxtase, que ultrapassava facilmente as barreiras da percepção. Era algo angelical, divino.

Poxa, já faziam oito anos desde aquela noite. Que criatura perversa ousaria brincar com o destino de um homem dessa forma? Havia no mundo outra pessoa com aquela essência? Mas ela não sobrevivera ao acidente, só poderia ser outra pessoa. Estou delirando, não há outra explicação. Devo me conter. Com certeza, devo. Será que devo? Mas quem diz que devo? Eu? Os outros? Não há ninguém aqui, além de mim...

Sem perceber, meu peito se enchia com uma sensação de calor, carinho. Minha visão já não era tão ébria, o mundo ao redor parecia clarear. Devo estar louco, pensei. Não estava nem perto de amanhecer, mas sentia como se fosse meio-dia no verão. Sentia-me enlaçado por aquele perfume, como se ela me abraçasse naquele instante. Resolvi retribuir. Conseguia senti-la completamente. Não podia estar louco. Devia estar acordando.

Talvez fora eu que sofrera o acidente, e ela estava me esperando. Ou eu estava delirando pelo amor da minha vida, que vinha me salvar ou me entregar a meu abismo.

De um jeito ou de outro, ela era um anjo. Para mim. Enfim, Louco ou Desperto, fica a critério de cada um. Eu vou tomar uma decisão por mim.

Até porque... Nunca se sabe.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sonhar é preciso

Quem diria, em torno de um ano atrás, que Barrichello estaria na posição que está agora?

A Foto abaixo, até ano passado possuía um quê de despedida, como se os Sonhos (Dreams) sempre estivessem acima do potencial de Rubens.

Barrichello é o melhor piloto na questão de Humanização da F1. Representa o exemplo da pessoa comum, que batalha, luta, erra, fala demais quando não deve ou desiste de falar quando deveria - enfim, um de nós.
Representa, acima de tudo, a importância da TENACIDADE em face à adversidade. Nós, vendo a cena de fora, acreditávamos em 2008 que assistiamos no ocaso do piloto que em 1994 assumira - talvez ingenuamente - a responsabilidade de manter o legado de Senna.
Sendo assim, acredito que como um povo, o tratamos mal. Fomos perversos. Torcíamos por ele mascarando nossas frustrações em piadinhas fúteis.
Em 2008, a corrida na Inglaterra na qual ele obteve o pódio graças à rápida decisão de pneus combinada com sua ousadia (revertendo assim as deficiências de sua Honda). Ali, parecia que era o último Vôo do Cisne - seu último suspiro de brilhantismo numa categoria que ofusca todo aquele que não consta no topo ao final do dia.
Estávamos errados - AINDA BEM. As divergências, os medos, a incerteza gerada pela saída da Honda no final do ano passado trouxeram muita angústia. Mas, no lado bom, trouxeram a Barrichello uma nova chance, um recomeço desligado do passado. Não era mais o único responsável pela Nação (que nutria esperanças em cima de Felipe Massa) na F1. Seu único dever era entrar naquele BrawnGP001, fazer o seu melhor trabalho e sentir-se bem consigo mesmo. E isso ele vem fazendo.
Sempre voltado à emoção, Barrichello ganha um tom mítico enquanto "anti-herói". Ele não está lá para salvar a pátria, ele não é o maior de todos os tempos, e sua força provém disso.
Sua força é ser humano, correr pelo desejo de vencer, se motivar pela sua paixão pela velocidade e cativar a todos por superar os desafios com obstinação impar.
Em suma, eu vejo em Barrichello um modelo de um ser Imperfeito que não desiste por ter falhas, mas que luta para superá-las. Alguém que busca sua própria felicidade e, com isso, nos motiva a vencer e nos faz feliz por mostrar um mundo onde a dedicação e o esforço são recompensados.
E tanto faz se ele ganhar ou não o título no final. Ele já é um vencedor.

3

Trindades são muito constantes no imaginário do mundo ocidental, visto que o conceito de uma tríade estabelece uma idéia de Justiça democrática poética, quase inatingível.

Pense bem, uma discussão entre duas pessoas só termina se alguém Cede. Entre trÊs (e com circunflexo deliberadamente maiúsculo), a discussão se encerra à favor da maioria. Acima disso, os números ímpares tornam possível a formação de panelinhas ou a exclusão de opiniões importantes.

Por exemplo, quem que vai levar em conta o voto do carinha quieto em uma reunião de cinco pessoas quando três delas ou quatro já manifestaram concordar entre si? Por mais contundentes que sejam suas "verdades", são relegadas ao esquecimento.

Assim, numa breve associação livre, existem 3: Pai-Mãe-Filho (num complexo Edípico), 3 Poderes em um Estado democrático, 3 partes de um dia (M/T/N), 3 cores primárias (3 secundárias), 3 no catolicismo (Pai-Filho-Espírito Santo), 3 formas de colocação pronominal (Próclise, Mesóclise, Ênclise), 3 possibilidades Temporais (Passado, Presente, Futuro), 3 filmes do Exterminador do Futuro, e por aí vai.

De certa forma, todas coincidências numéricas vem de encontro a certo momento da vida do sujeito, como o caso do filme "23" com o Jim Carrey. Seja lá qual for seu número, não o use como desculpa para não escrever durante 3 meses o que você pensa, por exemplo.


A poesia de um ombudsman disfarçado é tão útil!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Charges by paint



Sobre o trabalho do tempo...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Astro pornô japonês de 75 anos é inspiração para idosos (by Popular)

Chega a ser inacreditável, mas o velhinho abaixo é um exemplo vivo de superação!


A notícia inteira vocês podem ler aqui (notícias -> Terra -> Popular)

Agora vamos aos comentários:

Normalmente tomamos como exemplos de superação pessoas que passam por dificuldades e as superam, ao final do dia...

Pensem, por um minuto, se há no mundo exemplo maior que este do Ancião Japonês:

- Ele começou com 59 anos - atualmente tem 75;
- O trabalho dele é f*#@;
- Ele é Japonês (não consigo deixar a situação mais clara);

Ou seja:
- O cara largou uma vida de frustrações, por acreditar em seu potencial;
- Lutou contra predisposições biológicas numa épica batalha de "Davi x Golias";
- "Tem de endurecer sem perder a ternura jamais!" (Che ficaria orgulhoso);
- Pega japinhas maravilhosas e com isso é ídolo dos idosos que voltam a acreditar em sua vida sexual - e É PAGO PRA ISSO.

E dizem que o mundo carece de Heróis de verdade.

Shigeo Tokuda, uma lenda viva

Trilha dedicada:
Pintinho Amarelinho - Gugu Liberato

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O looping existencial









É preciso reconhecer que, se você não souber o que está perguntando, poderá ser surpreendido pelas respostas...
















Outras vezes porém, o mundo pede por respostas... e, se você não estiver preparado, alguém estará!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Jesus Hendrix - O mestre dos Sermões de Guitarra


Em uma época longínqua, situada no histórico ano divisor de águas, o ano AC/DC, nascia Jesus Hendrix, o mestre dos sermões de guitarra (como seria conhecido).

Devido ao seu talento, o chamavam de filho de Deus, ou diziam que ele era um filho duma mãe pura.

Isso não o afetava muito, porém sua fama de milagroso (possuía um feeling que fazia cegos enxergar, paraplégicos andar) se espalhou logo pelo Império Whomano, da época.

O guitarrista do The Whoma, Paeter Caesar Townshendus chegou a desafiá-lo em um festival, destroçando sua guitarra, levando as Legiões de fãs (sim, os legionários de Townshendus faziam parte do exército e gostavam da música Whomana).

Porém, o poder de Cristo Hendrix se manifestou e, apresentando uma música sobre Moisés, ao final de um solo descrito pelos escribas como divino, sua guitarra pegou fogo - assim como a árvore em chamas na qual Deus se anunciou à Moisés - sem contudo se consumir.

Os guitarRabinos de Jerusalém ficaram em polvorosa, e pediram um julgamento urgente à WHOma sobre aquele franzino personagem que fazia arpeggios e licks absurdos com um volume impressionante, embora sem jamais plugar sua guitarra.

Townshendus, partilhando também da mesma inveja guitarRabina (coisas de cabeludos do Metal), aceitou tal idéia, conseguindo que Judas Joplin delatasse Jesus Hendrix.

Reza a lenda que Judas Joplin entregou Hendrix por uma Mercedes-Benz prateada... até hoje a prata é associada com a traição de Joplin ao seu mestre.

Joplin contudo se arrependeu, e passou a cantar seu sofrimento e pedir perdão por seu pecado, clamando a todos que haviam levado um pedaço de seu coração "Piece of my heart"

Contudo, o julgamento prosseguira e toda a multidão clamava pela condenação de Jesus Hendrix, pois sua habilidade com o instrumento deixava as mulheres enlouquecidas - Cristo até hoje é um tema polêmico, pois mantinha sua vida privada em segredo, e por parecer solteiro e despojado acabava cativando as adolescentes de Jerusalém e Nazaré.
Assim a multidão de hebreus e suas guampas psicológicas (o que persiste até hoje, a sina de acreditar que foi traído até que isso se torne verdade e passe a negar o ocorrido) acabou por libertar um prisioneiro fiodapu chamado Barrabás, cujos crimes envolviam plágio musical, extorsão de artistas e a produção e apadrinhamento de bandas como New Kids on the Block, Rouge, Br'oz, além de apresentar ao mundo o pintinho amarelinho de Gugu Liberato e sucumbir à ganância, lançando o CD de Roberto Justus.

Paeter Townshendus estava numa encruzilhada, libertara um dos maiores malfeitores da humanidade.

Tamanha injustiça, porém, não poderia ser desfeita em sua Generation Babeee.

Ao conversar com Jesus Hendrix, foi perdoado por este, que lhe disse: "hope I die before I get old", reconhecendo a importância do trabalho do seu conterrâneo WHOmano.

Paeter Caesar sentiu-se extremamente culpado, porém ao mesmo tempo essa angústia parecia inspiradora e, junto à sua banda The WHOma compôs o trecho:

"no one knows what is like,
to be the bad man,
to be the sad man,
behind blue eyes"

A Via Crucis de Jesus Hendrix Cristo fora relatada na Rock-Ópera setentista - Jesus Christ Superstar, portanto, deve ser verdade - inclusive o diabo ser um cara que usa um colã laranja no meio do calor do deserto.

Antes de sua crucificação, Jesus Hendrix aproximou-se de Joe Pôncio Pilatos e disse:

"Hey, Joe" - o que fazes com esses pregos em mãos?

Enfim... preso em sua Cruz - no formado de uma flying V ao contrário - Jesus Hendrix fez uma última passagem, dizendo:

"Pai, perdoai-vos pois eles não sabem o que fazem".

Se tivessem escutado até o final, perceberiam que Jesus se preocupava com o futuro da música, e não com ele.

Desde então, ouvimos explosão de bandas produzidas por empresários (boy bands, girl bands, axé music, pagode, "rock" entre outros).

Como diriam Vitor e Léo, com tantas histórias, "não sei dizer o que mudou, mas nada está igual".

Zezé di Camargo e Luciano no Sábado de Aleluia!

então quer dizer que o show do zezé no sábado em Caxias do Sul terá tema bíblico?


tipo:
"é o Senhooooor"

ou então

"Um Pão e Vinho não dááá"

e por último mas não menos importante

"Eu não vou negaaaar" (mas no fim nega, e então crucificam Ele)

esclareço melhor o tema ao longo do fim de semana

Freud Flinstone - Sexo, Psicanálise e Iabadabadu! pt.1

Reza a lenda que Samuel Sigmund Freud vinha de uma família judia(da), que trabalhava geração após geração na pedreira comandada pelo Seu Pedregulho.

Seus pais eram acomodados, baseados no ditado: "pedras que rolam não criam limo" (e o limo era a fonte primária das artes cênicas de Vienrock, facilitando os tombos tragicômicos que dão até hoje a fama das hungaras de cair sentadas no duro repetidamente).

Esse relacionamento próximo com os minerais inanimados o tornou um profundo observador do comportamento - já que ele acreditava que as pedras rolavam durante a noite (no original, rocks roll all night") premissa na qual se baseou o historiador e músico Gene Simmons, do KISS (Komitê Internacional de Studos da Sicanálise).

(Fugindo deliberadamente do assunto devido às associações livres, continuaremos em outro momento a biografia de Freud Flinstone)

Gene aparentemente entendeu errado o postulado por Freud e, em um "momento Iabadabadu" disse que queria "Pedra e Rolar toda a noite, e ler Freud todo dia", o que se tornou um dos maiores sucessos do Komitê da Sicanálise:

"I, wanna rock and roll all night,
read Freud everyday"

Enfim, conseguiu...
1- Pedra = Crack;
2- Rolar é um ato que deve ser esclarecido junto às Groupies
3- Freud todo dia:
Olhava para a Groupie, para o espelho, para a Groupie... para o Espelho...
Procurava com os tomos do Mestre entender como que uma mulher passa a noite com um caboclo maquiado.

Enfim... Gene aprendeu sobre o mecanismo de defesa da Projeção (a mulher se via nele - ela, com menos maquiagem, entendia a necessidade de amor deste Homem que é na verdade uma Mulher Baranga).

Retornando à Freud, podemos dizer que o interesse na pesquisa sobre pedras do Seu Pedregulho foi direcionado à Psicanálise por intermédio de seu amigo disfuncional Barney...

Pensando no mulherão que era Beth e a força do Filho Bam-bam, Freud Flinstone descobrira o Complexo de Édipo:

Bam-bam nutria um amor à Beth, e poderia tê-lo realizado, porém o corte ocorre quando reconhece em Barney a figura do Homem Casado: Submisso, Bebum e com risadas bizonhas.

O estímulo à produção textual como meio propiciador da criatividade pseudo-humorística altamente irônica (13/12/2007)

Nas minhas aulas de universitário, deveria escrever breve parágrafo sobre uma frase previamente escolhida pela mestra.

A frase: "Um galo sozinho não tece manhã".
A pergunta: POR QUÊ?

Aí já tinha começado... o resultado, leiam a seguir:

"Do ponto de vista da Biologia, os galináceos não possuem polegares opositores. Consequentemente, habilidade motoras finas tais como a costura não são seu "ponto forte"(se é que entendes o trocadilho). As manhãs, por sua vez, são grandiosas, únicas e exigiriam um galo gigantesco com poderes telepáticos - novamente, galos não possuem polegares opositores. Partindo da hipotética existência de nosso 'gigangalo-telepata-com-dons-em-crochê-e-bordado-astral', concluiríamos que os galos terrestres cantam para idolatrar o trabalho de seu deus, que os teceu à sua imagem e semelhança.

Nós humanos, invejosos de nossos conterrâneos magrugadores, criamos inúmeros objetos que retratam o todo-poderoso Galo (os ingleses fizeram uma cópia camelô-version, chamada de "God"):

- Travesseiros - Galo ao avesso (penas internas);
- Despertadores - a parte irritante do cócoricanto;
- O colocamos acima de nossa 'rosa-dos-ventos' nas casas, demonstrando assim nosso sentimento de inferioridade.

Com base nessas informações, decidi criar uma Igreja cultuando o deus Galo. Mas pode se acomodar, pois quem cantará de galo lá serei eu.

Frangotes e Galinhas, sejam bem-vindos à verdadeira salvação!"

Pastor Galo discursando aos seres invisíveis da congregação do Sorvete-Seco(sede ao fundo)

Moral da história: Faculdade paga é ooooutro nível =P

Saudade... (28/08/2007)

Saudades de tudo aquilo que sonhei e deixei voar, sem sentir nem perceber... saudades do que sei que não virá, já que um dia decidi me esquecer....

"Poisé", de tempos em tempos a gente reencontra um momento perdido lá na memória, daqueles que trazem um misto de serenidade e nostalgia, lembrando algo que já não se faz...

Acredito piamente que estou melhor do que antes, mas o chato das mudanças é que sempre algo de bom fica pra trás, como se fosse um meio do universo ironizar todo o esforço em busca da perfeição.

Tudo o que percebemos como perfeito acaba sendo um aglomerado de enganos e surpresas que se reuniram para marcar nossas vidas:

- aquele erro "imperdoável" te ensinou que não existe batalha perdida;
- a dor da perda fez lembrar a alegria da convivência;
- assim como tomar o caminho errado quiçá apresente a pessoa certa.

Me vem à mente 2003, quando minhas angústias e anseios pareciam sufocantes e, mesmo assim, foi a época em que realmente conheci meu irmão, depois de 15 anos de convivência.
Enquanto eu mergulhava no meu ciclo de auto-flagelação, com cinco minutos de atenção restaurou meu espírito que sentiu que não era hora de desistir, e que a peleia seria braba, mas caberia a mim lutar pela minha essência.

O que sucedeu, quiçá, fora o dito "salto" existencialista, onde a partir do sofrimento angariei forças para continuar. Lembro de ter escrito uma mensagem que originalmente teria cunho suicida, simplesmente não suportava ter desapontado minhas próprias expectativas... porém, enquanto eu escrevia, transcendi a própria pulsão de morte e anunciei, na mesma mensagem, que seria uma nova vida.

Nem todos entenderam, mas alguns me apoiaram mesmo assim.

A todos vocês, muito obrigado.


Dois dias depois dessa ocasião, lembro muito bem de um dia de sol, sentado na frente do colégio de alma leve. E foi bom demais.

Espero que, em 2011, eu lembre de 2007 com a mesma alegria que lembro desse dia de outubro de 2003. Também torço para que eu lembre novamente de agradecer, sempre e todo dia, a todos que me presentearem com um sorriso sincero.

E você? tem lembrança de alguma fase difícil que agora possui um sentido completamente novo?

Planos e Planos (08/07/2007)

Estava eu a divagar novamente, enquanto procurava despertar em uma fria manhã de maio:

"tantas coisas a fazer, tantas idéias... poderia começar por aqui, seguindo desse jeito porque seria mais simples, precisaria de uns 15 minutos, enfim, é a melhor idéia disparado."
Eis que venho a interromper a mim mesmo:
- Peraí! Que prepotência é essa! Já viu o trabalho necessário para deixar as coisas do jeito que você quer? O tempo desperdiçado acabaria compensando o tempo gasto se simplesmente fizesse as coisas do mesmo jeito.

- Mas se fizer do jeito novo fico mais organizado, e com o tempo economizarei ainda mais tempo! - Dizia eu, esperançoso - Sim, economizaria hoje o que foi gasto ontem para preparar tudo!!! - retrucava contra minha consciência.

Tive de interromper minha discussão interna, dizendo:
- Tô com sono, deixa eu durmir mais um pouco!.

Mas as vozes continuavam em seu feroz debate.

Passados aparentemente 10 minutos, olhei o relógio, que alegava a passagem de 35.

Levantei num pulo, sai correndo esqueci completamente a programação e em 10 minutos já estava plenamente acordado, tomando café enquanto calçava os sapatos e procurava as chaves da casa. Corri a ponto de superar o recorde de Forest Gump, até embarcar no ônibus que me levaria a meu destino.

Estava nas mãos da sorte, tudo dependia do trânsito, que não parecia bom. Já desesperado, apertava meus dedos como se fosse culpa deles meu atraso.

Já sentia as palavras negativas me atingindo, as pessoas me julgando... como se soubessem o problema que estava a frente.

Chego em meu destino, abro as portas e janelas, ligo as máquinas e me preparo para o pior...


- Estou 10 minutos adiantado!? Como isso era possível????

Então novamente escuto minha voz interna, num tom satírico, dizendo:

- Fiz bem em adiantar os relógios.

Havia sido enganado por mim mesmo, de novo.

Enfim, as vezes nossos maiores problemas e soluções vêm do fato que, por algum motivo, nos conhecemos BEM DEMAIS.

Um segredo (30/05/2007)

"Se amas,
tens de deixar partir
Se és amado,
tens de abrir os braços

pois
se a saudade não fizer voltar
se ganha espaço
para o novo entrar

E,
se tiver de recomeçar
que se refaçam os laços

Pois,
de todos os abraços,
só se ganha o que se dá."

"Porra, até que enfim!" (31/07/2005)

Como diria o poeta: "Porra, até que enfim!"

Ela possui referência direta com a vida deste que vos escreve. Após muito tempo, tudo parece convergir numa só direção, na contramão do que eu vinha fazendo até agora. Dizê-la com sua devida entonação traz grande satisfação, soando melhor que qualquer verso de um poeta. A ênfase com que se pronúncia a primeira palavra destitui dela seu sentido negativo, tornando-a uma palavra que aproxima o indivíduo com a sua alma. Na seqüência da frase, após a pausa indicada pela vírgula, faz com que descarreguemos todo o peso de nossos ombros de uma vez só, rejeitando toda a tensão acumulada do dia-a-dia.

Sendo um pouco menos subjetivo, todos os dias guardamos ressentimentos e arrependimentos (muitas vezes desconsiderados), que corróem vagarosamente nossas certezas e planos. Descobri que escolhi muitas vezes o caminho mais fácil, em muitas me abstive, esquecendo que a vida não é o que fizemos no passado, muito menos o que planejamos para o futuro, sendo somente o que fazemos no percurso. Outras tantas escolhi sofrer, passando por mártir, fazendo do silêncio a minha melhor companhia. E, por fim, poucas vezes eu aproveitei o momento. Desperdicei chances por antecipar todos os resultados, como se estivesse jogando xadrez.

O bom de perceber isso durante o caminho, é a opção pela mudança. Dizia um amigo meu: "Não importa o quanto você tenha percorrido o caminho errado, sempre haverá um caminho de volta". É com essa frase que eu tomei consciência do quão incrível pode ser o meu presente. É com essa frase que, então, digo: "Porra, até que enfim!".

Apnéia (06/01/2005)

Ar
livre e importante
subestimado e, num instante
pretexto pra protesto

Não justo,
não cruel,
nem ao menos puro,
o que diria eu,
tão igual e indiferente?

Queria eu quando criança,
criar um jeito de escapar,
pois é... não sei

Num mar de dúvidas e questões,
cada braçada é um novo rumo,
que não leva a nada novo...

Vazio
respirar por quê?
que me afogue então...

Pensar
nunca mais,
me falta o ar

Não mais justo,
E sim imposto, e eu oposto... até lá